Mirian Inês

Mirian Inês

Mirian Inêz da Silva (1948, Trindade/GO - 1996, Rio de Janeiro/RJ)

Pintora

Mirian Inêz da Silva desenvolveu uma trajetória marcada por algumas rupturas e tensões significativas que imprimem maior grau de interesse e de sofisticação à sua produção artística. Nascida em Trindade, Goiás, onde cursou a Escola Goiana de Artes Plásticas, migrou para o Rio de Janeiro e aí frequentou o curso de Pintura de Ivan Serpa, realizado no Museu de Arte Moderna (MAM), em 1962-1963. Ela mudou de uma cultura popular do interior brasileiro, das festividades religiosas, mitos orais, ex-votos e folguedos infantis, para uma sociedade metropolitana, permeada pela cultura de massa da música, teatro, cinema e da história em quadrinhos. A artista iniciou a sua carreira como gravadora reconhecida imediatamente pelo circuito institucional, participando nessa condição da Bienal de São Paulo, nas edições de 1963 (VII Bienal) e 1967 (IX Bienal) e da 1ª e da 2ª Exposição da Jovem Gravura Nacional no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). Se Mirian se transfere de uma cultura popular para uma cultura de massa, em seguida deverá deslocar-se do ambiente noturno das gravuras para o meio solar das pinturas. As xilogravuras produzidas por ela nos anos 60 possuíam grande qualidade técnica, rigor no entalhe e uma adequação orgânica das formas às contingências da madeira. O resultado justifica o seu reconhecimento no circuito das artes plásticas do país e no exterior. Com temas comuns, ligados à visualidade do cotidiano, como um cachorro, um automóvel, uma mulher na porta de casa, um barco e imagens de santos, a artista cria um universo soturno, no qual a predominância da cor preta com pequenos veios brancos produz um jogo dialético entre pausa e movimento. A forte influência expressionista, os traços decididos e o tratamento e controle da pouca luz lembram Oswaldo Goeldi. No início da sua trajetória, Mirian já estabelece um conflito ao dar uma expressão noturna ao que ocorre à luz do dia. A luz diurna é transmutada em escuridão. Também nas futuras pinturas deverão ocorrer outras tensões. Mirian abandona as xilogravuras no final dos anos 60 e, em 1970, realiza sua primeira mostra de pinturas na Loja Residência, no Rio de Janeiro. Assim como foi uma premiada gravadora, seu desempenho como pintora também é notável, tanto que em 1983, um momento profícuo da sua produção, fez uma exposição na Galeria Bonino, no Rio de Janeiro.

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