Gerson de Souza

Gerson de Souza

GERSON ALVES DE SOUZA
Assina: GERSON. Recife, PE, 19/06/1926.
PINTOR, GRAVADOR E ENTALHADOR.

Aos vinte anos de idade, Gerson deixa o Recife, fixando-se no Rio de Janeiro onde, como funcionário dos Correios e Telégrafos conheceu vários artistas, que muito lhe estimularam no trabalho autodidata que realizava. Augusto Rodrigues percebendo o seu talento levou-o, então, para a Escolinha de Arte do Brasil, onde além de aperfeiçoar-se no desenho, fez o Curso de Gravura. Passou a desfrutar de imediato prestígio no mundo artístico do Rio, construindo trabalhos com uma figuração ingênua, de fatura elaborada, fixando personagens e cenas populares, de inspiração religiosa e festiva.

A sua pintura merece destaque entre os melhores de nossos primitivistas. Está citado no Léxico de Pintores Primitivos (1967), de Anatole Jacovsky. Realizou várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, executando uma série de gravuras sob o título Altar Portátil, em museus de cidades norte-americanas. O Museu Internacional de Arte Naif do Brasil – MIAN tem no acervo obras de sua autoria.

Ruth Laus escreveu: “O assunto religioso dominou grande parte de sua pintura. Por certo as reminiscências do menino, que no interior conviveu com as cômodas repletas de imagens em barro e madeira, com características muito pessoais, os santos de Gerson mostraram sempre certa dramaticidade que foge a habitual doçura da imagem Luso-Brasileira, sendo mais encontrada nas culturas de origem espanhola”.

Roberto Pontual publicou a seguinte crítica: “Na pintura de Gerson, independentemente da variedade de situações, cabe à figura humana o predomínio absoluto. Encarando-nos sempre de frente, na postura hierática e densa que logo as relaciona com indícios de comportamento arcaico, o que se modifica na presença constante dessas figuras é o grau de tensão com que seus olhos enormes e fixos nos observam, em espanto, acusação ou súplica. Tal como em Antônio Maia, outro pintor ligado por origem e opção ao Nordeste, o sobrenatural se transfere para as telas, desenhos, gravuras e talhas de Gerson na forma de uma resultante de diálogo entre o ser humano e o seu inexplicado destino, que as manifestações da religiosidade popular possibilitam, registram e intensificam. Os vinte anos vividos na terra pernambucana natal, antes de deslocar-se para o Rio e trabalhar como carteiro, terão certamente estruturado sua propensão para redimensionar, sob impulso intuitivo, os mitos e a iconografia religiosa espraiada por toda aquela região, até, mais abaixo, o Leste Setentrional.
Mesmo quando não referindo diretamente as marcas do sobrenatural, as figuras mantêm ali nível de fundamento popular, dramatizadas nas suas festas, ritos, carnavais e circos.
E, apesar das festas implícitas, essa não é uma pintura que pretenda o registro do júbilo, mas o de uma tristeza atavicamente relacionada às dúvidas do estar no mundo; daí as funções das cores sombrias e pesadas que a povoam, bem como do olhar inquisitivo de seus personagens”.

José Roberto Teixeira Leite, diz: “Gerson é um pintor ingênuo, dos melhores, em verdade, do país. Sua pintura, em grande parte consagrando temas místicos, da religiosidade popular nordestina, exprime-se através de rigoroso desenho, com boa estruturação formal e realçada por sensível colorido”.

PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 1964: XICO-ART GALERIA, RECIFE (PE) 1965 a 67: GALERIA GOELDI, RIO DE JANEIRO (RJ) 1969: GALERIA CAVILHA, (Juntamente com sua mulher, a pintora Elza de Oliveira Souza), RIO DE JANEIRO (RJ) 1972: GALERIA CHICA DA SILVA, RIO DE JANEIRO (RJ) 1996: MUSEU INTERNACIONAL DE ARTE NAIF, “50 ANOS DE PINTURA”, RIO DE JANEIRO (RJ).

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